Bem-vindo ao País do faz de conta, onde o alto é baixo e a noite é o dia, onde as contradições jorram da mesma boca, poucas semanas depois. Esse tem sido o nosso mundo de mídia nas últimas décadas, e especialmente nos últimos anos, mas algo mudou discretamente em 2020.
Como a ocorrência simultânea de
dois desastres naturais, as notícias falsas e o COVID-19 estavam fadados a
colidir em algum momento, mas seu confronto não foi uma batalha de iguais.
Apesar das distorções e encobrimentos sobre o vírus, a Mãe Natureza prevaleceu,
muitas vezes de forma brutal.
Estamos chegando a um ponto de
viragem na história das notícias falsas?
Provavelmente não, mas talvez
tenhamos um breve descanso.
Pessoal, a desinformação, a
distorção deliberada dos fatos, sempre existiu, mas nesta era de mídia social,
publicidade instantânea e falsidade partidária, ela se espalha
exponencialmente.
A amplificação e a viralidade
transformaram nossa mídia de massa em instituições muito diferentes de apenas
uma geração atrás. Não é que os guardiões da mídia tenham partido; é que seu
poder foi descentralizado à medida que seus números aumentaram. O que resta, no
entanto, não é tanto a anarquia quanto o disfarce. O que você vê não é necessariamente
o que você obtém.
No mundo veio a COVID-19, embora
alguns dos fornecedores usuais de falsidade tenham aproveitado o fenômeno para
espalhar conspirações, a pandemia também os confrontou com uma força letal e
abrangente que desafia implacavelmente as mentiras. Em suma, é difícil
permanecer um negador de vírus por muito tempo, como até o nosso Presidente já
está descobrindo.
O “Paciente Zero” o nosso Presidente
Jair Bolsonaro, passou de zombar do vírus para minimizá-lo, passando por
desprezá-lo, ao mesmo tempo num flerte negativista sobre ele, o que pode
ocasionar uma possível perda de reeleição em 2022.
Ele ocupou mais posições nele
(vírus) do que qualquer pessoa e fez mais poses do que um adolescente na noite
do baile. Mas, enquanto o presidente nunca parou de criticar todos os
relatórios científicos como uma “caça às bruxas”, ele aparentemente aceitou a
autenticidade desta crise.
É claro que isso não significa
que ele tenha liderado com eficácia, ou que tenha liderado, pois eu
particularmente não vi nenhuma liderança dele nessa crise (Notibrás -
25/07/2020 - Brasil precisa de liderança para vencer pandemia). Nem significa
que ele ainda não está minimizando ou minando uma resposta efetiva a ele. Isso
sugere que os chamados “adultos na sala” pessoas como os assessores militares, não
conseguiram realizar, mas o COVID-19 está conseguindo.
De certa forma, diminuiu a
compulsão de nosso Presidente por uma habilidade incessante de negação ao vírus
e frustrou sua tentativa de promover uma realidade alternativa.
O presidente ainda se esforça
diariamente para promover uma narrativa nacional competitiva. Mas o contágio
não está cedendo à sua vontade; ele está sendo forçado a se curvar. Na verdade,
é um dos motivos pelos quais a maioria dos brasileiros, um número em torno milhões
de eleitores, decida demiti-lo nas próximas eleições.
Você viu esse derrotismo em suas esporádicas coletivas a imprensa ao longo do ano, em que ele foi intimidado pelo momento e intimidado pela ciência de tudo.
Enquanto o mercado luta para se
recuperar, o governo federal surge como a única força capaz de montar uma
recuperação, e que até agora nada foi apresentado efetivamente, principalmente
na área econômica.
Pessoal, a agenda do Brasil foi
confiscada, durante a maior parte deste ano, não prestamos atenção a esportes,
entretenimento ou mesmo ao mercado de ações. Temos estado muito focados na
imunologia.
Isso porque, em tempos de grande
pressão, os cidadãos anseiam mais por informações do que por ideologia. Isso acontece
durante a guerra, e parece ser o caso agora. Quando se trata de vida ou morte,
os fatos de sobrevivência eventualmente ultrapassam o giro da política.
Lembro-me de ter visto um vídeo,
no qual, um ex-chefe de Estado disse, “as pandemias têm uma maneira de cortar
muito barulho e girar para nos lembrar o que é real e o que é importante”.
Quanto às mentiras e enganos, elas
não foram embora. Mas sua influência no momento parece abafada e mansa. Provavelmente
não vai durar.
Enfim, é um motivo para sentir
alívio e talvez um pouco de esperança.
Pense nisso.
Sergio Mansilha