sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A presença da iniciativa privada no setor de segurança

Segurança pública é função de Estado e não há quem questione essa atribuição. Uma pesquisa realizada revela, entretanto, ser crescente, nas megacidades, a participação privada nesse campo. 

Isso decorre, essencialmente, porque há uma percepção, na avaliação dos stakeholders, de que as organizações privadas de segurança e proteção dispõem de credibilidade e são confiáveis, atraem investimentos e são altamente eficientes. O primeiro avanço da iniciativa privada nessa área envolve a contratação desses agentes pelos órgãos governamentais para desempenhar tarefas específicas de segurança, em diversos segmentos, mas não em linha de frente das operações. 

Na Grã-Bretanha, por exemplo, parte do processo de requisição de passaportes é terceirizado, com execução da Siemens IT Solutions Services. Muitos aeroportos usam, até certo ponto, os serviços de empresas privadas de segurança. A participação privada evolui também porque pessoas ou empresas têm assumido para si a responsabilidade de prover sua própria segurança e, para isso, contratam guardas privados e aumentam as muralhas de proteção. 

Nesse caso, há uma percepção de que a segurança oferecida pelo Estado é insuficiente para aplacar os receios dos cidadãos e das pessoas jurídicas, ainda que, na prática, a maioria dos estudos aponte que as vizinhanças gozam praticamente do mesmo nível de segurança que os arredores daqueles que contratam proteção privada. Porém, para aqueles que efetuam a contratação, o sentimento de proteção é, invariavelmente, maior.

Se há quem defenda a eficiência e credibilidade dos agentes privados nessa área, existe também quem rechace essa maior participação, essencialmente baseado em conceitos ideológicos: 39% dos entrevistados afirmam que esse campo é função do Estado; 23% afirmam que o setor privado não é responsável por essa área; e 16% apontam empresas privadas de segurança patrimonial como “elitistas”. 

Não deixa de ser curioso que, para o conjunto de entrevistados, 33% indicam esperar esforços privados nesse setor, ante 67% dos entes públicos – um dado surpreendente, pois hoje a atuação é quase que absolutamente governamental. 

A pesquisa revela que o fornecimento de segurança privada ainda gera controvérsia. O conjunto de stakeholders afirma que, nos próximos anos, as cidades darão maior ênfase para o desenvolvimento de comunidades abertas, ante condomínios fechados (61% ante 39%). 

No entanto, nas cidades emergentes, com taxas mais elevadas de violência, os entrevistados indicam, em sua maioria, a ênfase nos condomínios fechados em relação às comunidades abertas (52% ante 48%). 

Sergio Mansilha - texto 
New York Times - pesquisa

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