O avião para São Paulo acabara de decolar e o comandante resolveu pegar o litoral para fazer com certeza uma espécie de "rota do deslumbramento" nessa memoravel sexta-feira 2 de Outubro de 2009. Deve ter sido de propósito. Talvez ele tivesse percebido a fascinação da paisagem àquela hora. Interrompi a leitura de um livro para ver o espetáculo.
Eu estava lendo ninguém faz sucesso sozinho do jornalista Antonio Augusto (dono da radio jovem Pan) ate agora boa leitura de um visionário que deu certo, mas nesse momento dei uma pausa para contemplar pela enésima vez, porem, com sabor diferenciado o horizonte, o que se oferecia era um concorrente dessa atmosfera de entusiasmo pela auto biografia da leitura que eu paginava aqui de dentro. Parecia uma paisagem recém-criada, virgem, primal. Um espetáculo como há muito não se via. O sol tinha se posto deixando um rastro de sangue ou de fogo que demarcava os limites entre o céu e o mar. Já não era mais dia e ainda não era noite.
As pessoas colavam o rosto na janela e perdiam a fala ou ficavam repetindo exclamações: "Que beleza!", "Que cidade". Não havia dúvida, estávamos sobrevoando o paraíso, um momento impar para essa cidade recém ganhadora da oportunidade de receber uma Olimpíada.São Paulo e um espetáculo de negócios, mais sinto falta — falta, não saudade — é da paisagem do meu Rio de Janeiro. O olhar é o sentido que mais se ressente lá fora, as montanhas, o mar, a luminosidade, o pôr-do-sol no Arpoador, a praia. Depois vem, num belo sincretismo sensorial, misturando tudo, os sons de todo dia, o cheiro de maresia, o calor do sol na pele, o gosto de certas comidas.
Mas a vista está em primeiro lugar, daí eu ter acompanhado com interesse essa campanha para sediar-mos as Olimpíadas, será sem duvida o grande legado para cidade que foi ate 1960 Capital da Republica e hoje e a Capital do entusiasmo. Poucas cidades têm tantos cartões-postais naturais como essa nossa, espremida entre a montanha e o mar, onde vigora mais o espaço do que o tempo, mais a geografia do que a história. O arquiteto Augusto Ivan observou muito bem que, ao contrário de Paris, Nova York, Roma, Veneza, Londres, que evocam “imagens sólidas, concretas”, o Rio “traz imediatamente à lembrança o sol, a mata, as montanhas, tamanha a força da natureza”, nosso Rio de Janeiro tem uma paisagem para cada gosto, Tom Jobim dizia que a melhor maneira de ser ver Nova York é de maca.
Aqui, não: pode-se ver deitado, de lado, de cima, não importa, a beleza é a mesma, de preferência com curva. Oscar Niemeyer, poeta do concreto armado, tem razão ao fazer poesia com as palavras: “Não é o ângulo reto que me atrai/Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem/O que me atrai é a curva livre e sensual, /A curva que encontro nas montanhas.../Nas ondas do mar,/No corpo da mulher preferida”. E ser carioca, como se sabe, é um estado de espírito: o de alguém que, tendo nascido em qualquer parte do Brasil (ou do mundo) mora no Rio de Janeiro e enche de vida as ruas da cidade, o carioca tem na improvisação o seu forte, e irresistível a inclinação para fazer o que bem entende, na convicção de que no fim da certo — se não deu é porque não chegou ao fim.
E contrariando todas as leis da ciência e as previsões históricas, acaba dando certo mesmo porque, como afirma alguém seja lá quem for, Deus é brasileiro — e sendo assim, muito possivelmente carioca.
Muitas oportunidades de negócios vão florir no Rio de Janeiro ate e depois de 2016 e nessa ocasião nem sempre o melhor se posiciona e sim o primeiro a investir em seu segmento.
Sergio Mansilha
Eu estava lendo ninguém faz sucesso sozinho do jornalista Antonio Augusto (dono da radio jovem Pan) ate agora boa leitura de um visionário que deu certo, mas nesse momento dei uma pausa para contemplar pela enésima vez, porem, com sabor diferenciado o horizonte, o que se oferecia era um concorrente dessa atmosfera de entusiasmo pela auto biografia da leitura que eu paginava aqui de dentro. Parecia uma paisagem recém-criada, virgem, primal. Um espetáculo como há muito não se via. O sol tinha se posto deixando um rastro de sangue ou de fogo que demarcava os limites entre o céu e o mar. Já não era mais dia e ainda não era noite.
As pessoas colavam o rosto na janela e perdiam a fala ou ficavam repetindo exclamações: "Que beleza!", "Que cidade". Não havia dúvida, estávamos sobrevoando o paraíso, um momento impar para essa cidade recém ganhadora da oportunidade de receber uma Olimpíada.São Paulo e um espetáculo de negócios, mais sinto falta — falta, não saudade — é da paisagem do meu Rio de Janeiro. O olhar é o sentido que mais se ressente lá fora, as montanhas, o mar, a luminosidade, o pôr-do-sol no Arpoador, a praia. Depois vem, num belo sincretismo sensorial, misturando tudo, os sons de todo dia, o cheiro de maresia, o calor do sol na pele, o gosto de certas comidas.
Mas a vista está em primeiro lugar, daí eu ter acompanhado com interesse essa campanha para sediar-mos as Olimpíadas, será sem duvida o grande legado para cidade que foi ate 1960 Capital da Republica e hoje e a Capital do entusiasmo. Poucas cidades têm tantos cartões-postais naturais como essa nossa, espremida entre a montanha e o mar, onde vigora mais o espaço do que o tempo, mais a geografia do que a história. O arquiteto Augusto Ivan observou muito bem que, ao contrário de Paris, Nova York, Roma, Veneza, Londres, que evocam “imagens sólidas, concretas”, o Rio “traz imediatamente à lembrança o sol, a mata, as montanhas, tamanha a força da natureza”, nosso Rio de Janeiro tem uma paisagem para cada gosto, Tom Jobim dizia que a melhor maneira de ser ver Nova York é de maca.
Aqui, não: pode-se ver deitado, de lado, de cima, não importa, a beleza é a mesma, de preferência com curva. Oscar Niemeyer, poeta do concreto armado, tem razão ao fazer poesia com as palavras: “Não é o ângulo reto que me atrai/Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem/O que me atrai é a curva livre e sensual, /A curva que encontro nas montanhas.../Nas ondas do mar,/No corpo da mulher preferida”. E ser carioca, como se sabe, é um estado de espírito: o de alguém que, tendo nascido em qualquer parte do Brasil (ou do mundo) mora no Rio de Janeiro e enche de vida as ruas da cidade, o carioca tem na improvisação o seu forte, e irresistível a inclinação para fazer o que bem entende, na convicção de que no fim da certo — se não deu é porque não chegou ao fim.
E contrariando todas as leis da ciência e as previsões históricas, acaba dando certo mesmo porque, como afirma alguém seja lá quem for, Deus é brasileiro — e sendo assim, muito possivelmente carioca.
Muitas oportunidades de negócios vão florir no Rio de Janeiro ate e depois de 2016 e nessa ocasião nem sempre o melhor se posiciona e sim o primeiro a investir em seu segmento.
Sergio Mansilha