quinta-feira, 3 de junho de 2021

Opinião

A segunda onda da pandemia agora parece estar recuando, felizmente. Os custos econômicos provavelmente serão menores do que os que vimos na primeira onda. Existem outras razões principais para afirmar isso. Os bloqueios impostos por vários governos estaduais são menos rigorosos do que o bloqueio bem mais severo do ano passado. As empresas, bem como, os governos aprenderam agora como gerenciar as operações durante os bloqueios.

Além disso, a recuperação da atividade econômica em muitas outras partes do mundo pode apoiar as exportações, mesmo quando a demanda doméstica está fraca. A disponibilidade de vacinas oferece esperança, embora as mutações do vírus possam impedir um retorno completo à normalidade acredito por mais um ano.

Tive um mestre quando iniciei a graduação de economia, isso no início dos anos 80, que dizia, “ A experiência com o ciclo de negócios no Brasil mostra que as recuperações econômicas sustentáveis ​​são geralmente lideradas pela demanda do setor privado, e não pelos gastos do governo. ”

E era verdade essa afirmação, subsequente as décadas posteriores. E as recuperações após as crises foram lideradas pela demanda do consumidor do setor privado, e não pela demanda de investimento do setor privado. Aprendi naquela época que os dois não são independentes um do outro. Um aumento no investimento do setor privado pode resultar em maior demanda do consumidor se for acompanhado pela criação de novos empregos.

A impressionante recuperação econômica no ano de 2010 foi provavelmente impulsionada por uma recuperação nos gastos do consumidor. Já o severo bloqueio durante a primeira onda da Covid-19 levou a um forte aumento na economia financeira das famílias. Uma parte disso foi a poupança forçada, pois as pessoas não podiam deixar suas casas. A outra parte foi a economia por precaução em face da enorme incerteza econômica. Economias extras foram gastas!

É muito provável que uma versão mais branda disso esteja em exibição quando a economia se abrir no final dessa segunda onda; que os “Deuses” se inspirem para isso.

No entanto, vejo que há outro conjunto de tendências econômicas que merecem mais atenção, especialmente considerando o que economistas de renome dizem sobre a importância da demanda do setor privado nas recuperações anteriores.

Trocando mensagens com colegas economistas, o meu questionamento foi:

A nossa recuperação econômica será liderada por lucros ou salários?

Eles me disseram; Sergio, uma maneira simples de entender isso é a seguinte. A renda nacional é a soma dos ganhos dos principais fatores de produção, ou seja, trabalho, capital e terra. Os salários, lucros e aluguéis que eles ganham nos dão uma estimativa da renda nacional líquida. O valor bruto pode ser calculado adicionando-se outras variáveis, como depreciação e pagamento, aos fatores internacionais de produção. Eles também me disseram; uma maneira muito simples de olhar para a recuperação econômica antes que a segunda onda ganhe impulso ou apareça a terceira onda é examinar o que aconteceu com os salários e os lucros.

Então perguntei, como os formuladores de políticas devem responder?

Me disseram, que a resposta inicial à pandemia foi dominada por flexibilização monetária, tolerância regulatória e garantias de crédito. Isso ajudou a prevenir uma onda destrutiva de falhas empresariais. As capacidades produtivas da economia e o lado da oferta foram protegidas. A expansão fiscal que acompanhou isso deveu-se principalmente a estabilizadores automáticos, como menor arrecadação de impostos e maiores gastos com o plano de auxilio emergencial. O impulso fiscal discricionário foi relativamente modesto.

Enfim, diante desse quadro e outros elencados pelos colegas economistas é que as munições da política monetária já se esgotaram.

Espera-se que uma rápida recuperação da demanda doméstica resulte em maior arrecadação de impostos, o que torna uma expansão fiscal temporária menos arriscada. Dada a menor parcela da renda do trabalho no PIB, e o fato de que lucros maiores serão usados ​​para reduzir a dívida em vez de investir em novas capacidades, o que me leva a crer que o governo precisa concentrar suas energias no investimento público, bem como, em alguma forma de um novo apoio único à renda para que a demanda agregada não vacile quando terminar essa segunda onda da Covid-19.

Pense nisso.

Sergio Mansilha

(Uma liderança que soluciona desafios de negócios por meio de análises e consultoria estratégica)




Pesquisar este blog