No ambiente organizacional é comum surgirem problemas que demandam energia, tempo e em alguns casos até gastos monetários para serem resolvidos, e, para tanto, os profissionais tem que estar preparados para agir com rapidez e de modo que, dentro das possibilidades, estes não voltem a ocorrer.
Contudo, é sabido que o ideal nas empresas é evitar que esses problemas sejam originados por erros internos ou falhas nos processos, e que o grande desafio nessa busca constante pela melhoria contínua, pela qualidade e nível de serviço está centrada na capacidade empresarial de executar as ações com eficiência e efetividade, com pouco ou mesmo nenhum retrabalho.
Essa capacidade da organização de fazer certo na primeira vez o que tem que ser feito e de tomar a decisão certa no momento certo não pode ser conseguida se tal responsabilidade estiver centralizada apenas nos gerentes e dirigentes da empresa. Todos os profissionais devem estar alinhados para este objetivo, como um sistema integrado, e devem contribuir para o alcance dos resultados desejados. Nas empresas mais organizadas esse alinhamento das ações está de certa forma estruturada nos procedimentos e sistemas de qualidade, mas a existência destes por si só não determina a execução eficaz na organização.
Além do cumprimento dos procedimentos deve haver uma comunicação clara, objetiva e ágil entre as diversas áreas, além de uma visão multifuncional dos profissionais.
Mas o que aproxima tudo isso à inteligência logística?
Conceitualmente, a inteligência logística corresponde a um conjunto de habilidades e conhecimentos que possibilita melhores desempenhos organizacionais dentro do processo logístico, visando à satisfação do cliente e a diferenciação da empresa no mercado. Assim sendo, percebe-se que a inteligência logística traz consigo o alinhamento das diversas áreas da organização e o objetivo comum dos profissionais.
Observando então a contribuição da inteligência logística para a obtenção dos resultados logísticos, como desenvolvê-la na organização?
Na verdade, toda organização, seja ela atuante na área de logística ou não, pratica de alguma maneira a inteligência logística, mesmo sem saber que a está praticando. Normalmente, as empresas fazem inúmeras reuniões, seja para resolver algum problema ou discutir algum assunto, e essas reuniões não deixam de ser a inteligência organizacional, que, quando voltada para a área de logística, passa a ser chamada de inteligência logística.
A questão é que o mais comum nas empresas é utilizar a inteligência logística como uma prática reativa aos problemas e não como uma ação proativa às exigências do mercado e dos clientes. Muitas vezes, acha-se que é perda de tempo reunir os profissionais numa sala para discutir sobre temas que possam trazer melhorias, porém, muito maior é o tempo perdido quando se precisa reagir às dificuldades apresentadas pelo mercado. Portanto, para desenvolver a inteligência logística a organização deve primeiramente adquirir o hábito do aprendizado organizacional, uma cultura voltada para o desenvolvimento de conhecimento, conhecimento voltado para a própria organização, para soluções específicas a ela.
Inicialmente deve ser identificado qual o processo logístico mais crítico e de maior impacto no mercado que deve ser melhor desenvolvido e acompanhado. A partir desse processo, a inteligência logística deve expandir sua atuação para os outros que compõem o sistema logístico da empresa, até que todos eles possam ser trabalhados. É importante, entretanto, que mesmo após serem trabalhados, os processos não devem ser esquecidos, mas que sejam constantemente acompanhados e controlados para garantir melhores resultados.
Uma vez assumindo essa postura proativa, a empresa tem a possibilidade de expandir a inteligência logística para qualquer área da empresa, ou seja, a busca pela melhoria deixa de ficar centrada nos processos logísticos e assume um papel importante para o desenvolvimento dos profissionais e dela mesma.
Nesse sentido, muitas organizações hoje em dia preocupam-se em desenvolver esse conhecimento organizacional e passam a investir no aprendizado corporativo, chegando até a criar um anexo da empresa com este objetivo específico, o que está sendo chamado de universidade corporativa.
Sergio Mansilha