segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A internacionalização de Executivos

Que para crescer é preciso buscar novos mercados e internacionalizar, as empresas brasileiras não têm dúvida. Mas será que os executivos brasileiros estão preparados para essa tarefa. 

A frase não é uma crítica, mas uma constatação. Há poucos executivos no mundo com a disposição de deixar a própria “vila”. No Brasil, isso é ainda mais forte, já que, com tantas oportunidades no mercado interno e um bom estilo de vida, eles não querem sair daqui.

Digo, que o candidato perfeito para liderar uma empresa que deseja se internacionalizar seja dono de um perfil que chamo de “Global Trotter”, que é a pessoa que é forte em três pilares. 

O primeiro é o auto-gerenciamento, ou como abordamos o mundo e nos portamos em uma variedade de situações. 

O segundo é o gerenciamento da percepção, como identificamos, julgamos informações novas e ambíguas. 

E a última é o gerenciamento dos relacionamentos, como enxergamos e trabalhamos com o outro, especialmente em situações de diferenças culturais. 

Poucas empresas reúnem pessoas como estas. Alguns executivos não nascem líderes globais, mas podem se destacar em suas carreiras ao serem enviados a diferentes lugares e desenvolver as características narradas acima. O que é crítico é ter uma mente aberta e ser curioso em relação ao mundo e não ter dificuldades em ir para diferentes missões e cargos. É claro que pode ser doloroso ser movido de país e de um emprego para outro. Mas o incômodo é muito menor que o resultado no longo termo. 

Ter a oportunidade de se mover de um mercado para outro e de ser sempre desafiado faz com que as pessoas despontem rapidamente. 

Então voce pergunta, como identificar esses líderes potenciais ? 

É como um executivo me disse em uma determinada ocasião: eu não me importo com quantas línguas meu pessoal fale, me importo com quantas línguas eles querem aprender. Algumas pessoas simplesmente estão dispostas e outras não. Imagino que no Brasil há gente que não queira mudar nem de São Paulo para Recife e vice-versa. 

É um tipo de pensamento que você tem ou não. E essa é uma pré-condição. Depois claro, cabe às empresas administrarem a carreira dessas pessoas. Elas precisam de novos desafios, e que eles sejam significativos. Tem que haver uma recompensa, que não deve ser financeira, mas sim do ponto de vista da carreira. Estamos vivendo o momento perfeito para executivos que buscam uma carreira internacional, evidente essas pessoas são provavelmente uma minoria, mas uma minoria que está crescendo. 

Quando você entra para uma empresa como Phillip Morris ou Procter & Gamble e almeja uma carreira internacional, precisa saber que eles não te enviam para os países bacanas logo de cara. Claro que é doloroso. Mas é como disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “o que não nos mata, nos fortalece”. No passado as pessoas mudavam de Portugal para o Brasil, ou da Irlanda para os Estados Unidos. Hoje você vê as pessoas querendo ir para o Japão ou a China, onde as coisas estão acontecendo. Ainda são minoria, contudo. 

A maioria diz que está confortável onde está e prefere ficar na sua “vila”. E isso é a natureza humana, nós preferimos evitar a dor. Não querendo ser a palmatória do mundo, o perfil “global trotter” não é o único a prevalecer. Existem os descobridores, conectores, aventureiros, observadores, isolacionistas, extrovertidos e o oposto ao “global trotter” que é o “stay at home”. E é preciso ter pessoas assim também na empresa. O mundo precisa de diversidade para funcionar. Imagine uma alimentícia, que tende a ser local em muitas culturas. Quem está vendendo cachaça provavelmente vai ficar no Brasil. Então, depende também da indústria, porque algumas tendem a ser globais e outras, locais.

Há tantas oportunidades no mercado local (Brasil) que os executivos nacionais não querem sair do próprio mercado. 

Mesmo as companhias brasileiras, quando querem se internacionalizar, normalmente, pensam na América Latina. Ainda há poucos executivos realmente globais no Brasil. Embora acredite que, conforme as companhias brasileiras forem crescendo internacionalmente, haverá mais e mais deles. 

Os brasileiros precisam sair da zona de conforto. 

Como chegar ao topo? 

É preciso aceitar desafios e sair da zona de conforto, ter bom julgamento, ser bom comunicador e ser sensível às pessoas. Você pode ter uma ideia incrível, mas se não conseguir convencer as pessoas, não adianta nada. Hitler e Stálin eram líderes. 

Mas será que eram bons líderes? 

Não tenho tanta certeza. 

E, por fim, o mais importante, é preciso ter coragem.


Sergio Mansilha

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