“Não vemos as coisas como elas são. Vemos as coisas como nós somos”. TALMUDE
Há uma definição bastante interessante do significado de modelos mentais de autoria do Peter Senge: “Modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações, ilustrações, imagens ou histórias que influem as nossas maneira de compreender o mundo e nele agir”.
Em outras palavras os são os modelos mentais de cada indivíduo que definem como o mesmo irá perceber o que está acontecendo à sua volta, como irá se sentir com isso, como ele pensa e, finalmente, como irá agir.
Portanto, cada indivíduo tem o seu próprio modelo mental, o qual é resultante de todas as suas experiências, historia de vida e situações. Todavia uma pergunta pode ser feita agora: “Isso não é bom? Se as pessoas vêm por diferentes modelos mentais, a mesma coisa poderá ser vista de acordo com diferentes prismas”. Embora essa seja uma situação interessante, todavia, temos que lembrar que a maioria das pessoas não abre mão dos seus modelos mentais com muita facilidade.
E, o mais perigoso é que grande parte delas também acredita que a sua forma de ver as coisas é a melhor e, por esse motivo, não quer sequer ouvir as explicações com relação a pontos de vista discordantes dos seus.
Na verdade poderíamos afirmar que os modelos mentais são filtros de como vemos o mundo; ou em outras palavras de como nós indivíduos damos sentido e organizamos as nossas experiências de vida. Por sua vez os modelos mentais são provenientes de quatro fontes: a história pessoal, a linguagem, a cultura e a biologia (sistema nervoso).
O primeiro filtro dos modelos mentais está localizado no nosso sistema nervoso, uma vez que possuímos limitações fisiológicas que não nos permitem perceber certos fenômenos, conseqüentemente essa impossibilidade impede a nossa capacidade de agir.
A linguagem é o segundo filtro e é através dela que se estrutura a consciência do ser humano; na verdade isso irá acontecer justamente porque cada indivíduo ao passar uma informação para outro, irá pintá-la apenas com as cores da sua percepção.
A terceira fonte dos modelos mentais está localizada na cultura, na verdade a maioria dos autores considera a cultura como um modelo mental coletivo, porque dentro de qualquer grupo (família, organizações, empresas e nações) os modelos mentais coletivos se desenvolvem com base nas experiências que são compartilhadas entre esses grupos.
A história pessoal é considerada a quarta fonte dos modelos mentais, pois a raça, o sexo, a nacionalidade, origem étnica, influências familiares e condição social, tudo isto está influindo na constituição dos modelos mentais individuais. No mundo organizacional os modelos mentais podem constituir-se como fortes elementos travadores da cultura organizacional, justamente porque são constituídos por um conjunto de regras escondidas que são por sua vez difíceis de serem mapeadas.
Por esse motivo os modelos mentais se tornam os conceitos centrais da organização, as crenças, as histórias contadas e repassadas para os novos, e por sua vez, um guia forte dos relacionamentos.
Portanto, os modelos mentais vivem invisíveis na grande maioria das organizações, como conseqüências não são explicitados, nem muito menos examinados.
Quando bem construídos, permitem que os gestores antecipem o futuro e resolvam problemas; todavia, uma vez construídos são auto-alimentados, auto-sustentáveis e auto-limitadores. E, finalmente, quando não estão em sintonia com a realidade eles muitas vezes provocam com que os gestores errem nas projeções e cheguem a decisões fracas. Um exemplo onde os modelos mentais de manifestam muito bem é nos sistemas de controle das organizações.
Esses sistemas são desenvolvidos para atingir determinados objetivos, geralmente os controles dos custos; por outro lado, os sistemas de controle podem dar origem a rotinas defensivas que impedem as mudanças, o acato de desafios, dificultam a discussão de opiniões e as maneiras de simplificar o sistema e a partir dai, por conta de regras específicas, a mudança, a inovação pode se tornar impossível.
E, isso acontece porque os sistemas de controle das organizações limitam a criatividade através da dependência a regras pré-estabelecidas e do pensamento convergente; ou seja, os problemas que aparecem são os mesmos e as soluções que são encontradas também serão as mesmas, uma vez que o seu foco está em ordem, simplicidade, rotina, responsabilidades claras, e previsibilidade.
Portanto, está cada vez mais claro que é necessário se introduzir rapidamente na cultura organizacional, em especial, na área de controle de custos, a idéia do pensamento divergente estratégico, pois só através de sua aplicação torna-se possível se enxergar soluções realmente inovadoras e objetivas.
Sergio Mansilha