A universidade corporativa é instrumento cada vez mais usual entre as grandes empresas.
Foi a forma encontrada para organizar a capacitação de seus empregados, a das suas reais necessidades, ciente de que o crescimento da produtividade da mão de obra é fundamental para o aumento da competitividade e assim, poderem enfrentar melhor suas concorrentes no mercado.
Todavia, as universidades corporativas não estão ao alcance das micro e pequenas empresas.
A literatura a respeito do assunto não fala dessas empresas, como se essas universidades não pudessem estar ao alcance delas. Na realidade, a literatura limita-se a falar das grandes empresas; das micro e pequenas, o faz apenas indiretamente, quando explicita o conceito de universidade corporativa.
Em geral, o conceito é que a educação não deve ficar restrita à própria empresa, mas extensiva aos seus fornecedores e clientes. Talvez, as micro e pequenas empresas estejam numa dessas pontas, porém, seja como for, nunca serão elas que decidirão se precisam ou não de educação corporativa, de acordo com as suas reais necessidades. Visando a otimizar essa solução, o objetivo central deve ser o de atender as micro e pequenas empresas de um mesmo arranjo produtivo local e, observando o conceito de universidade corporativa, atender seus fornecedores e seus clientes.
Os resultados revelam a universidade corporativa como estratégia política e mercadológica, apresentando dois eixos distintos de atuação e de geração de valor: do ponto de vista do desenvolvimento dos funcionários, constata-se evolução significativa sob alguns aspectos e reiteram-se antigas dificuldades do treinamento e desenvolvimento. Evidencia-se um distanciamento entre o discurso em torno da formação profissional e as práticas correspondentes. De maneira distinta, sob o âmbito da cadeia de valor, a atuação tem sido proativa, integrada aos negócios, gerando valor, na medida em que intensifica os relacionamentos com clientes, fornecedores, parceiros.
Por essa via, a área de gestão de pessoas tem experimentado maior reconhecimento interno e externo, com conseqüente fortalecimento político. E como vantagem competitiva a educação corporativa chama a atenção dos executivos para por sua importância no cenário global. Para que as modernas organizações possam preparar-se para enfrentar a competição nos padrões da nova configuração internacional, é imprescindível uma revisão urgente na gestão de recursos humanos. E este seria o principal desafio à gestão de pessoas: gerar resultados que enriqueçam o valor da organização para clientes, investidores e funcionários.
A educação corporativa será fundamental nesse processo, pois ela representa a energia geradora de sujeitos modernos, capazes de refletir criticamente sobre a realidade organizacional, de construí-la e modificá-la continuamente em nome da competitividade e do sucesso. Ela favorece a inteligência e o alto desempenho da organização, na busca incansável de bons resultados. Não é por coincidência que o tema Universidades Corporativas tem despertado tanto interesse nas empresas, pois as UCs têm se revelado como eficazes veículos para o alinhamento e desenvolvimento dos talentos humanos às estratégias empresariais.
Missão, objetivos e princípios das universidades corporativas. A missão da universidade corporativa consiste em formar e desenvolver os talentos humanos na gestão dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional (geração, assimilação, difusão e aplicação), através de um processo de aprendizagem ativa e continua. O objetivo principal de uma universidade corporativa é desenvolver e instalar as competências empresariais e humanas consideradas essenciais para a viabilização das estratégias de negociação. Um projeto de universidade corporativa corresponde à implementação dos seguintes pontos:
Definição clara do que é crítico para o sucesso da empresa e realização de diagnóstico das competências essenciais.
Desenvolvimento dessas competências essenciais - empresariais e humanas.
Foco no aprendizado organizacional, fortalecendo a cultura corporativa voltada à aprendizagem, inovação e mudança.
Foco nos públicos interno e externo, incluindo toda a cadeia de agregação de valor: clientes, fornecedores, distribuidores, parceiros e comunidade.
Ênfase em programas orientados para as necessidades dos negócios.
As experiências de implantação de universidades corporativas diferem em muitos pontos, mas elas tendem a se organizar em torno de alguns princípios e objetivos como:
Prover oportunidades de aprendizagem que dêem suporte para a empresa atingir seus objetivos críticos do negócio.
Desenhar programas que incorporem o diagnóstico das "competências essenciais".
Migrar do modelo "sala-de-aula" para múltiplas formas de aprendizagem (aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar).
Estimular gerentes e líderes a se envolverem com a aprendizagem, tornado-se também responsáveis pelo processo.
Criar sistemas eficazes de avaliação dos investimentos e resultados obtidos construindo a ponte entre o desenvolvimento de talentos e as estratégias de negócio. Entendendo-se a UC como um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão de pessoas por competências, a identificação das competências essenciais, que agreguem valor ao negócio, é a base da competitividade organizacional e a pedra fundamental de todo e qualquer projeto de universidade corporativa bem concebido.
Para que esse diagnóstico das competências essenciais permita de fato o vínculo entre desenvolvimento de pessoas (competências humanas) e estratégias de negócio (competências empresariais) é necessário que se realize uma reflexão profunda sobre as reais competências empresariais, ou seja, aquelas que diferenciarão a empresa da concorrência, assegurando-lhe vantagem competitiva e bons resultados.
Sergio Mansilha