Não existe maior preocupação do que manter níveis razoáveis de compromisso e entrega de resultados, em relação aos funcionários. Sejam eles apenas “colaboradores” ou líderes de todos os níveis.
Este é um esforço que muitas vezes desgasta quem tem a tarefa de “manter o espírito de equipe” e/ou “alinhar e conseguir aderência” aos objetivos da empresa. Pelo simples fato que a maioria das ações nesse sentido, fracassa ou fica aquém do desejado. Muitas empresas chegam mesmo a pensar que é impossível conseguir que as pessoas aceitem suas responsabilidades e desenvolvam seu trabalho de forma eficiente e colaborativa.
Vista de forma analítica parece simples resolver a questão: basta efetuar séries de ações visando comunicar e desenvolver competências para que o quadro de pessoal atue de forma desejada. Porém, a questão é bem mais complexa do que a simples lógica pode supor. Se não fosse assim, o que explicaria o desânimo e ceticismo dos colaboradores com programas de treinamento, avaliações de desempenho e outras técnicas do arsenal de gestão de pessoas?
Contudo, se colocarmos a situação de forma perspectiva veremos que a solução dos problemas de produtividade e comprometimento, não está localizada no condicionamento da força de trabalho à adequação às normas e regulamentos organizacionais. E sim, diretamente ligada à como as pessoas encaram as relações de trabalho e as interações com a empresa e os colegas.
Numa palavra: as pessoas devem ser orientadas a não competir com a estrutura, mas buscar pontos de atratividade na execução de suas tarefas.
Se esta interação não ocorre de forma adequada, temos um quadro evolutivo que vai do presenteísmo à anomia. Isto, porque, em vez de se concentrarem nas atribuições que lhes são próprias, o psiquismo individual estará sempre alerta para defender-se das injunções “hostis”, mais do que encontrar novas formas de integração. Daí para frente, temos uma espiral de defesa e discordância que inviabiliza a recepção do discurso da organização, por mais criativas as formas de se buscar sucesso na empreitada. A natureza humana e a condição humana sempre estão de mãos dadas, não importa o que dizem os doutos…
Nada adianta motivar equipes, se na próxima segunda-feira, ao retornarem às suas posições de trabalho elas continuarem a prestar atenção à diferença e ignorar as igualdades. Em outras palavras: o trabalho a ser desenvolvido é o de mostrar que, mesmo se houver discrepâncias ou incoerências, elas deveriam olhar para um quadro geral, onde teriam maiores chances de se identificarem com as coisas positivas e “ordenadas”, do que fixar sua percepção e gastarem energia localizando as coisas que estão “fora do lugar”.
Depois de a internet vulgarizar a informação, hoje todo mundo fala de “estratégia”, “mudanças ou “inovação”, mas na verdade estão dizendo o quê”? É preciso cuidado com esta sinuca de conceitos, pois no mais das vezes o que uma empresa necessita é de trabalho bem feito (que necessita de contrapartida é claro). Por exemplo, razoavelmente pagos e não de profissionais que ficam viajando na maionese, quando deveriam apenas cumprir suas funções com bom senso e qualidade.
Por isso, se você necessita de maior comprometimento e produtividade, esqueça as receitas de bolo e os nefandos “modelos de gestão”, para se focar exclusivamente no que realmente pode trazer benefícios e melhorar o clima. Faça um mapeamento de como e “para o que” as pessoas estão olhando e trace diretrizes para treinamento. Um treinamento diferente: treine o olhar destes profissionais.
Ajude-os a modificar seus mapas de representações e desenvolva a intuição como ferramenta.
Se eles conseguirem um ganho de qualidade na sua visão e perceberem o quanto isso ajuda na sua carreira, o comprometimento será apenas consequência.
Sergio Mansilha