segunda-feira, 26 de julho de 2010

Um conceito de abstração ou uma conduta moral normatizada

O que é a Ética? 

Segundo o dicionário Koogan/Houaiss, Ética é a ciência da moral descrita por Spinoza em três obras contidas no Corpus, de Aristóteles, e que constituem um resumo das idéias morais do filósofo. Já o Aurélio, conceitua Ética como sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal e, também, como um conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. Outro apresenta Ética como parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana, além de identificá-la ainda como uma série de princípios morais que devem ser observados no exercício da profissão. 

No meu entender, apesar dos autores darem seu toque pessoal às inúmeras interpretações sobre Ética, todos concordam na essência, ou seja, tais conceitos podem ser traduzidos em uma única interpretação: Ética é uma norma de comportamento, proporcionalmente inerente à moral do homem e parte integrante de seu caráter. Porém, os momentos atuais nos trazem vários episódios que demonstra o quanto são frágeis os limites da Ética quando interesses (egos e/ou vaidades) estão sob julgo. 

O que dizer daquele dublê de cientista, médico e louco..., fundador de uma pseudoseita, que ultrapassa os limites da ética ao brincar de Deus, quando tenta assumir uma posição de vanguarda na questão da clonagem humana, irresponsavelmente ignorando possíveis e imprevisíveis conseqüências para a humanidade. Que julgamento fazemos ao nos depararmos com notícias sobre a atuação de advogados, que sob a capa preta do Direito, utilizam seus serviços para continuar negócios escusos de seus suspeitos clientes. É impossível não questionarmos isto, embora o julgamento ético pode não ser o mesmo para todos. 

O que é ético para uns não o é para outros. Tentar justificar tais comportamentos por conta de imperativos de rentabilidade e pressões da concorrência pode nos levar a exercícios de retórica, já que ‘o levar vantagem em tudo’ jamais poderá balizar comportamentos éticos. Procedimentos corporativos também colocam a Ética em xeque. Situações em que a ética é ignorada podem ser mais evidenciadas também na mídia, já que nela, muitas vezes, existe mais apelo ao sensacional do que a verdade estática. Muito embora procedimentos éticos e antiéticos estejam em todas as atividades em que disputas de egos se tornam mais evidentes. 

Para exemplificar, cito o episódio descrito no livro de Ignacio Ramonet sobre a Tirania da Comunicação, no qual, em um de seus capítulos, conta um pesadelo jornalístico ocorrido na Alemanha, quando um repórter foi considerado culpado ao forjar total ou parcialmente vinte reportagens. Graças às suas aptidões, em junho de 1994, desde o dia seguinte a um atentado a um centro turístico da Turquia, uma emissora pôde apresentar uma formidável reportagem. Nela se via um combatente curdo mascarado, armado até os dentes, acompanhado de dois outros membros da resistência, que fazia sinal à equipe de filmagem para segui-los em perigosos atalhos nas montanhas, controlados pela guerrilha, até uma gruta na qual se descobririam quatro outros militantes curdos ocupados em fabricar uma bomba que serviria para o atentado ao centro turístico. Tudo era falso. 

Os combatentes curdos eram simplesmente albaneses disfarçados, a longa caminhada não havia durado mais que alguns minutos, a gruta se encontrava na residência de verão de um amigo suíço, e o lugar da filmagem não era a Turquia e sim a Grécia... Este jornalista de comportamento falso, sabendo que a televisão reclama imagens cada vez mais sensacionais, havia filmado, com ajuda de comediantes e de cúmplices, outros temas também espetaculares, igualmente fictícios, até ser desmascarado. Poderia citar também o comportamento de outros, não só de profissionais da mídia, mais precisamente aqueles que se utiliza de gravações clandestinas para garantir reféns e controlarem adversários ou inimigos. 

Procedimentos éticos são mais frágeis em ambientes de trabalho, quando lidamos com entes nem tão queridos, mas podem acontecer também no seio familiar. Poderia enumerar vários e vários outros episódios de nosso cotidiano em que a Ética surge como, muito tristemente, apenas um acessório do modus vivendi de pessoas, muitas destas pertencentes a uma parcela da sociedade da qual se espera exemplos nobres e na qual são depositadas as esperanças de melhor qualidade de vida, ou seja, das que compõem as elites. Não desejo aqui atribuir responsabilidade pela crise ética pela qual passamos às classes mais abastadas, mas é impossível deixar de constatar que a ausência de certos valores morais e éticos são menos evidentes nas massas. 

Por diversas vezes, em episódios trágicos, estes encontram amparo em seus próximos menos favorecidos e não naqueles em que o muito é ainda sinônimo de mais. Independente disso, impossível vivenciar a Ética dissociada de outros valores tão ou mais nobres e importantes na formação de um caráter moral, tais como: solidariedade, justiça, orgulho, bondade, humildade, honra, entre outros. É claro que existe uma tomada coletiva de consciência de que alguma coisa deve ser feita para que voltemos a valorizar esta virtude, que é base para uma sociedade eficaz e justa, juntamente com a revitalização dos laços familiares. Almejar este objetivo sem atentar corajosamente para o conteúdo nefasto da TV (mídia), é uma falácia e constitui apenas tapar o sol com uma peneira. 

Vejo, pois, que o fator primordial para a valorização da Ética em nossos corações e mentes passa impreterivelmente pela educação. Não tão somente por conhecimentos culturais que adquirimos na escola - isto é também importante - mas, e principalmente naqueles ensinamentos que aprendemos em casa. Estes sim, passados por gerações e gerações, são fundamentais e permanentes em nossas existências. Aliás, as condutas morais são eternizadas por nossos antepassados e se constituem em único remédio contra os males que fragilizam a sociedade, que precisa despertar para os verdadeiros valores que realmente tornam nobre a nossa existência. 

Muitos colegas me indagam sobre o meu conceito de Nicolau Maquiavel (Niccolò Machiavelli) , ora, nessa ótica Maquiavel sempre foi um sedutor que aproveitando-se de seus conhecimentos da alma humana, a corrompe. Mas a simples recusa da oposição entre tirania e liberdade não é suficiente para explicar as suas transformações. É preciso compreender que tipo de discurso nasce de um antimaquiavelismo cuja preocupação confunde-se com a manutenção ou a conquista efetiva do poder político. Vale lembrar que Maquiavel escolheu a forma diferenciada para se dirigir aos príncipes do seu tempo. Ora, esse gênero literário era, sobretudo, adequado para uma literatura moralizante que, partindo de um certo número de problemas tradicionais, admoestava os governantes a seguir o bom caminho da moral, no lugar de se perder nas trevas da violência. 

Quantos príncipes efetivamente seguiam os conselhos dos muitos "espelhos" escritos para eles, é coisa difícil de dizer. O certo, no entanto, é que esses escritos serviam para definir em palavras a norma da boa política, opondo o bom príncipe ao tirano. É muito provável que os conselhos fossem vãos, mas nenhum príncipe ou escritor teve a capacidade, ou a coragem, de formular teoricamente as razões desse fracasso. O silêncio do tirano permaneceu sendo a regra de ouro de toda vida política. Maquiavel não seguiu o caminho de seus predecessores e, no lugar da repetição das formas arcaicas de aconselhamento, utilizou-se de uma linguagem conhecida para mudar os termos do debate filosófico sobre a política. 

Pessoal, a Ética é o ideal para conduta humana, pois a evolução de seus princípios deu-se juntamente com o processo evolutivo da humanidade, e orienta o ser humano sobre o que é bom e correto e o que deveria assumir, orientando sua vida em relação a seus semelhantes, visando o bem comum. 

Sergio Mansilha

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Criando uma visão empresarial

Uma boa visão leva à vantagem competitiva. Contudo, atualmente a idéia de que uma empresa necessita de uma visão parece ter perdido grande parte de sua vitalidade. 

Mesmo quando os gerentes declaram que a visão é relevante, mesmo quando insistem ser vital, urgente, importante, eles parecem incapazes de criar uma, ou fazer com que pareça real para as demais pessoas de suas organizações. A visão é importante por razões simples e concretas. 

Uma visão constitui-se no impulso mais fundamental que leva as pessoas a servir os clientes. Sem ela, os colaboradores têm pouca inspiração para fazer o melhor. E eles carecem das idéias unificadoras que ajudam as pessoas nas grandes empresas a unirem seus esforços para alcançarem metas comuns aparentemente impossíveis. 

O que significa uma “visão”? 

E como trazer a visão à organização? 

Amigo (a), visão é uma imagem viva de um estado futuro ambicioso e desejável, relacionado com seu cliente, e superior, em algum aspecto importante, ao estado atual, porem, nem toda visão bem-sucedida se enquadra nessa definição. 

Entretanto, visões que se enquadram têm uma boa probabilidade de mobilizar empresas e equipes de trabalho. Então de modo a estimular um trabalho em equipe, um gerente precisa enunciar uma visão de modo simples e repeti-la com freqüência. 

O enunciado de visão ideal é: 

- Claro, 

- Envolvente, 

- Fácil de memorizar, 

- Compatível com os valores da empresa, 

- Ligado às necessidades dos clientes, 

- Visto como um desafio, ou seja, difícil, mas não impossível. 

Ressalto que uma visão difere de uma estratégica. A estratégica de uma empresa assemelha-se a um projeto arquitetônico; um desenho claro mostrando o que precisa ser feito para se alcançar o sucesso. 

Uma visão é como a representação do artista de um edifício em construção. 

Uma visão estimula as pessoas como nenhum projeto por melhor desenhado que seja jamais conseguirá. 

Sergio Mansilha

segunda-feira, 12 de julho de 2010

As organizações e o trabalho em equipe

O trabalho em equipe é o fator critico de sucesso da organização como um todo e da manutenção em particular. 

O inicio desse texto é a maior dificuldade das organizações e a maior causa que determina o sucesso ou o fracasso empresarial. 

Às vezes uma organização com muitos talentos individuais consegue resultados inferiores a uma outra com menos talentos individuais e mais espírito de equipe. Resumo o Espírito de Equipe: 

Estamos no mesmo barco; ninguém pode fazer só peso; todos têm que remar; remar juntos, na mesma direção e na direção certa. 

Na verdade, embora a questão da importância do trabalho em equipe já tenha sido tema de diversos cursos, seminários e congressos, tanto no Brasil quanto no exterior, alguns sob o sugestivo titulo “A Guerra dos Aliados”, muitas empresas ainda não conseguiram que a manutenção e a operação formassem um verdadeiro time em busca de soluções para a organização, até pelo contrário, é comum se encontrar especialistas em apontar o erro do outro sobre o qual ele não tem ação, esquecendo-se do seu próprio problema sobre o qual ele pode e deve agir. 

É comum ainda que estes times não se formem nem dentro da manutenção nem da operação, o que torna a situação ainda mais dramática. 

Esta é uma questão que precisa ser encarada de frente, pois é o fator critico de sucesso mais importante de uma organização que necessita atingir a excelência empresarial para que possa sobreviver no mercado. 

Sergio Mansilha

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A expansão da segurança privada – Parte III

Não obstante às semelhanças entre os policiamentos, enquanto os serviços privados priorizam a prevenção de perdas e a minimização dos danos das vítimas, as forças públicas agem sempre (ao menos idealmente) em função do cumprimento estrito das normas legais e da punição dos agressores. 

Focada mais nas vítimas do que nos agressores, a segurança privada está mais propensa a agir de acordo com princípios da justiça restaurativa, conferindo maior informalidade na resolução dos conflitos de forma a minimizar os riscos de novas ofensas ou mesmo de forma a restituir os prejuízos sofridos em acordo direto com os ofensores, o que muitas vezes pode ser preferível para os clientes, sobretudo para as empresas que contratam serviços de segurança, que buscam resolver os problemas de forma rápida e sem a necessidade de envolver-se com os inconvenientes do sistema de justiça criminal. 

Além das duas correntes fundamentais quanto ao pensamento político a respeito da relação entre o policiamento público e o policiamento privado (centralização e liberalismo), identifica-se a existência de uma visão “pluralista” que questiona a força dos Estados-Nação, reconhecendo uma tensão desencadeada pelas transformações decorrentes da abertura ao mercado, que pode ser visualizada em diversos campos. 

Essa tensão se desenvolve em dois planos: em primeiro lugar, os pluralistas vêem uma fragmentação que nega ao Estado sua posição privilegiada, levando à erosão de sua autonomia; em segundo, uma deterioração (ou embasamento) da distinção entre público e privado. O que estaria de fato em jogo seria uma “mudança fundamental na localização da responsabilidade pela garantia e definição da paz”, com unidades soberanas e posições de autoridade sem ordem horizontal ou vertical, com a coexistência de “governos privados” corporativos e governos de Estado, operando “uns nas sombras dos outros”, entre as brechas deixadas pelo poder público. 

Essas transformações teriam um significado mais profundo: a despeito da lógica econômica dessas transformações, há conseqüências políticas importantes que devem ser consideradas; a emergência da segurança privada teve consideráveis implicações para a organização social e política na medida em que essa produz um novo sistema difuso, em que o poder de coerção se encontraria disperso em uma rede fragmentada em que os agentes não ocupam posições hierárquicas definidas. 

Os argumentos e as explanações acerca desses processos em torno do fenômeno da expansão da segurança privada têm dividido a opinião de alguns dos principais especialistas no assunto. Essa transformação evidencia um processo de “reestruturação do policiamento”, que se dá pela transformação dos atores envolvidos na oferta e na delegação, do Estado para entidades não governamentais, da responsabilidade sobre a segurança. 

Essa reestruturação do policiamento seria marcada por dois fatores: o crescimento da segurança privada, que em muitos países ultrapassou o contingente das forças públicas e a ampliação do policiamento comunitário, que modifica as características tradicionais das atividades policiais. A separação entre as funções de autorização e provisão do policiamento e a transferência de ambas as funções para além do governo são elementos essenciais para a compreensão dessas mudanças, que evidenciam a multiplicidade de atores envolvidos com a segurança na atualidade. 

O policiamento é atualmente autorizado sob a responsabilidade de cinco categorias distintas (que são os demandantes do policiamento): interesses econômicos (os mais comuns são as empresas que provêem sua própria segurança ou terceirizam esse serviço); comunidades residenciais (sobretudo os condomínios de casas ou de apartamentos que requerem controle de acesso, patrulhamento e vigilância); comunidades culturais, onde a segurança pode ser formada por grupos de indivíduos que partilham práticas culturais (por exemplo, a “Nação do Islam”, ou “Black Muslims, nos Estados Unidos); indivíduos (no caso, desde procedimentos de autodefesa e minimização do risco até a instalação de equipamentos e contratação de empresas para proteção contra seqüestros ou outras ameaças à segurança); e governo, que tem encorajado e facilitado a atuação de forças não-governamentais na segurança, constantemente requerendo a contratação de vigilantes para órgãos públicos e tornando-se assim um de seus principais consumidores. 

Por sua vez, o policiamento é provido por companhias comerciais (entre as quais as mais comuns e difundidas são as grandes indústrias de segurança privada); agências não-governamentais autorizadas para o policiamento (nongovernmental authorizers of policing), que se remetem tanto a um vasto leque de organizações coletivas que realizam serviços destinados à segurança como às empresas que, ao invés de contratar serviços especializados das empresas de proteção, constituem o seu próprio organismo de segurança (segurança orgânica ou in-house security), como vemos em alguns bancos, em organizações comerciais e industriais diversas e em prédios de apartamentos, condomínios fechados ou residências; por indivíduos, ao se responsabilizarem por ações protetivas em nome de outros, por exemplo, como voluntários de grupos de patrulha de bairros; e também pelo governo, com a prestação de serviços privados para indivíduos ou comunidades específicas, realizados pelo policiamento público mediante pagamento. 

Além disso, é cada vez mais freqüente a prática da cobrança, pelas forças públicas de algumas localidades, por serviços que anteriormente não eram remunerados, como a resposta a alarmes residenciais. 

Com essa multiplicidade de agentes, a responsabilidade pelo policiamento passou a ser compartilhada com a sociedade e a iniciativa privada, em um processo de gradual ampliação do controle social. 

Além das novas formas de policiamento comunitário que vêm ganhando espaço em diferentes sociedades, esse processo se evidencia na expansão dos mecanismos de vigilância instalados em casas, empresas e edifícios e no envolvimento cada vez maior da sociedade nas tarefas de policiamento e prevenção do crime. 

Por. André Zanetic 
Em colaboração. Sergio Mansilha

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