Certa vez, ouvi a seguinte expressão, ou seja, essa breve estória que irei narrar não sei quem foi o autor, então, peço a todos uma licença poética para compartilha-la com vocês a partir das minhas interpretações.
Capitanear um navio não é como dirigir um trem, ainda que as águas estejam calmas. Um trem não se dirige. O Maquinista observa as condições, acelera e freia, mas sempre no mesmo trilho – sem desvios, sem ultrapassagens, sem mudanças de rota ou planos, enfim, estaticamente, no trilho definido.
Evidentemente, e com todo o respeito à tamanha importância do laborioso trabalho dos maquinistas, essa comparação se presta muito mais ao campo metafórico, do que na literalidade da expressão.
Com vários anos de atuação, observação e análise dos capitães e da tripulação do primeiro escalão nas empresas, pude confirmar que o despreparo é marcante nesses importantes papéis e responsabilidades. Pesquisas conservadoras mostram que mais de 60% dos capitães das grandes empresas brasileiras – presidentes, diretores executivos e gerentes gerais, ocupam esses cargos em razão de premiações por tempo de serviço. Longas carreiras que culminam com a promoção ao primeiro posto de comando da empresa. Isso não significa – em absoluto – qualquer tipo de demérito ou incapacidade.
Normalmente, são profissionais que desenvolveram sólidas e exitosas carreiras, vindos das áreas comerciais, técnicas ou administrativo-financeiras. Portanto, conhecimentos específicos. Conforme essas mesmas pesquisas, menos de 20% dos postos de comando são ocupados por gestores profissionais, freqüentemente escolhidos e selecionados por suas histórias de sucesso no mercado, bem como, detentores de largas e diversificadas experiências em gestão.
Os demais são ocupados por profissionais advindos das médias empresas e, em alguns casos, de carreiras acadêmicas, geralmente formadas no exterior.
Quanto às pequenas e médias empresas, o perfil preponderante a ocupar essa vaga é o do proprietário do negócio ou de um dos sócios que detenha maior habilidade administrativa, independentemente da área de formação e conhecimento.
Fatos são fatos.
Voltando ao caso do operador de locomotivas – o nosso maquinista – sabemos que todo o trabalho de planejamento de rotas, possibilidades e viabilidades, foi antecipadamente executado por quem projetou a ferrovia – detalhe por detalhe do terreno, da geografia da região, do aproveitamento da potência das máquinas e do menor percurso possível. Desta forma, uma vez construída a ferrovia, o papel do maquinista se resume ao de “gerenciar” o deslocamento do comboio, atentando aos procedimentos de segurança e condução esperados.
Assim como um excelente vendedor pode se tornar um gerente medíocre, um excelente gerente pode se tornar um operador de locomotivas no posto de comando da empresa. Enquanto durar o bom tempo, as boas condições dos trilhos e do percurso, e contando que nenhum problema possa surgir no bloqueio dos trilhos, ou, em outras palavras – tempo calmo e sem obstáculos – o comboio seguirá de acordo com o plano previsto. Mas uma empresa não é um trem. Exige comando, conhecimento, experiência – vivida e variada! – planejamento, dinamismo, flexibilidade, poder de convencimento e decisão, solidez, carisma, aceitação,..., e aí vai uma lista enorme de atributos e qualidades, que devem se aplicar às várias disciplinas que envolvem a direção de uma empresa.
Como sabemos, outro fato importante é de que a maioria das grandes empresas no país é formada por subsidiárias de empresas estrangeiras. Muitas vezes, tais subsidiárias são vistas e tratadas, efetivamente, como simples filiais de vendas, tal qual as demais que se encontram distribuídas pelas várias regiões e cidades em seus países de origem.
Isso faz com que quase tudo já chegue planejado e decidido do exterior, cabendo apenas a execução e o gerenciamento. Essa situação é facilmente percebida ao verificarmos as empresas de seleção de executivos buscando profissionais do tipo “hands on”, ou seja, “mão na massa”, por vezes em detrimento a outros conhecimentos ou habilidades. Afinal, é muito cômodo para uma multinacional ter um bom executor que siga à risca os planos estabelecidos.
Sem dúvida, a importância da execução é primordial ao alcance dos resultados esperados, no entanto, essas empresas esquecem que os tempos de legislar desde além-mar – apenas e tão somente – é passado. Isso não funciona mais, e pior, a possibilidade de fracasso é potencial, visto que o mercado é um ser vivo e distinto em cada país, o que exige análise, reflexão, planejamento, antecipação e ações rápidas, muito antes do que a simples execução.
Nos tempos de dificuldades e crises, ou melhor, quando obstáculos de difícil transpor surgem nos trilhos da composição, as empresas não podem contar com procedimentos de condução que incluam a condição de parar o trem e aguardar que a situação retorne à normalidade.
Sergio Mansilha
Capitanear um navio não é como dirigir um trem, ainda que as águas estejam calmas. Um trem não se dirige. O Maquinista observa as condições, acelera e freia, mas sempre no mesmo trilho – sem desvios, sem ultrapassagens, sem mudanças de rota ou planos, enfim, estaticamente, no trilho definido.
Evidentemente, e com todo o respeito à tamanha importância do laborioso trabalho dos maquinistas, essa comparação se presta muito mais ao campo metafórico, do que na literalidade da expressão.
Com vários anos de atuação, observação e análise dos capitães e da tripulação do primeiro escalão nas empresas, pude confirmar que o despreparo é marcante nesses importantes papéis e responsabilidades. Pesquisas conservadoras mostram que mais de 60% dos capitães das grandes empresas brasileiras – presidentes, diretores executivos e gerentes gerais, ocupam esses cargos em razão de premiações por tempo de serviço. Longas carreiras que culminam com a promoção ao primeiro posto de comando da empresa. Isso não significa – em absoluto – qualquer tipo de demérito ou incapacidade.
Normalmente, são profissionais que desenvolveram sólidas e exitosas carreiras, vindos das áreas comerciais, técnicas ou administrativo-financeiras. Portanto, conhecimentos específicos. Conforme essas mesmas pesquisas, menos de 20% dos postos de comando são ocupados por gestores profissionais, freqüentemente escolhidos e selecionados por suas histórias de sucesso no mercado, bem como, detentores de largas e diversificadas experiências em gestão.
Os demais são ocupados por profissionais advindos das médias empresas e, em alguns casos, de carreiras acadêmicas, geralmente formadas no exterior.
Quanto às pequenas e médias empresas, o perfil preponderante a ocupar essa vaga é o do proprietário do negócio ou de um dos sócios que detenha maior habilidade administrativa, independentemente da área de formação e conhecimento.
Fatos são fatos.
Voltando ao caso do operador de locomotivas – o nosso maquinista – sabemos que todo o trabalho de planejamento de rotas, possibilidades e viabilidades, foi antecipadamente executado por quem projetou a ferrovia – detalhe por detalhe do terreno, da geografia da região, do aproveitamento da potência das máquinas e do menor percurso possível. Desta forma, uma vez construída a ferrovia, o papel do maquinista se resume ao de “gerenciar” o deslocamento do comboio, atentando aos procedimentos de segurança e condução esperados.
Assim como um excelente vendedor pode se tornar um gerente medíocre, um excelente gerente pode se tornar um operador de locomotivas no posto de comando da empresa. Enquanto durar o bom tempo, as boas condições dos trilhos e do percurso, e contando que nenhum problema possa surgir no bloqueio dos trilhos, ou, em outras palavras – tempo calmo e sem obstáculos – o comboio seguirá de acordo com o plano previsto. Mas uma empresa não é um trem. Exige comando, conhecimento, experiência – vivida e variada! – planejamento, dinamismo, flexibilidade, poder de convencimento e decisão, solidez, carisma, aceitação,..., e aí vai uma lista enorme de atributos e qualidades, que devem se aplicar às várias disciplinas que envolvem a direção de uma empresa.
Como sabemos, outro fato importante é de que a maioria das grandes empresas no país é formada por subsidiárias de empresas estrangeiras. Muitas vezes, tais subsidiárias são vistas e tratadas, efetivamente, como simples filiais de vendas, tal qual as demais que se encontram distribuídas pelas várias regiões e cidades em seus países de origem.
Isso faz com que quase tudo já chegue planejado e decidido do exterior, cabendo apenas a execução e o gerenciamento. Essa situação é facilmente percebida ao verificarmos as empresas de seleção de executivos buscando profissionais do tipo “hands on”, ou seja, “mão na massa”, por vezes em detrimento a outros conhecimentos ou habilidades. Afinal, é muito cômodo para uma multinacional ter um bom executor que siga à risca os planos estabelecidos.
Sem dúvida, a importância da execução é primordial ao alcance dos resultados esperados, no entanto, essas empresas esquecem que os tempos de legislar desde além-mar – apenas e tão somente – é passado. Isso não funciona mais, e pior, a possibilidade de fracasso é potencial, visto que o mercado é um ser vivo e distinto em cada país, o que exige análise, reflexão, planejamento, antecipação e ações rápidas, muito antes do que a simples execução.
Nos tempos de dificuldades e crises, ou melhor, quando obstáculos de difícil transpor surgem nos trilhos da composição, as empresas não podem contar com procedimentos de condução que incluam a condição de parar o trem e aguardar que a situação retorne à normalidade.
Sergio Mansilha