segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O intelectual logístico

No ambiente organizacional é comum surgirem problemas que demandam energia, tempo e em alguns casos até gastos monetários para serem resolvidos, e, para tanto, os profissionais tem que estar preparados para agir com rapidez e de modo que, dentro das possibilidades, estes não voltem a ocorrer. 

Contudo, é sabido que o ideal nas empresas é evitar que esses problemas sejam originados por erros internos ou falhas nos processos, e que o grande desafio nessa busca constante pela melhoria contínua, pela qualidade e nível de serviço está centrada na capacidade empresarial de executar as ações com eficiência e efetividade, com pouco ou mesmo nenhum retrabalho. 

Essa capacidade da organização de fazer certo na primeira vez o que tem que ser feito e de tomar a decisão certa no momento certo não pode ser conseguida se tal responsabilidade estiver centralizada apenas nos gerentes e dirigentes da empresa. Todos os profissionais devem estar alinhados para este objetivo, como um sistema integrado, e devem contribuir para o alcance dos resultados desejados. Nas empresas mais organizadas esse alinhamento das ações está de certa forma estruturada nos procedimentos e sistemas de qualidade, mas a existência destes por si só não determina a execução eficaz na organização. 

Além do cumprimento dos procedimentos deve haver uma comunicação clara, objetiva e ágil entre as diversas áreas, além de uma visão multifuncional dos profissionais. 

Mas o que aproxima tudo isso à inteligência logística? 

Conceitualmente, a inteligência logística corresponde a um conjunto de habilidades e conhecimentos que possibilita melhores desempenhos organizacionais dentro do processo logístico, visando à satisfação do cliente e a diferenciação da empresa no mercado. Assim sendo, percebe-se que a inteligência logística traz consigo o alinhamento das diversas áreas da organização e o objetivo comum dos profissionais. 

Observando então a contribuição da inteligência logística para a obtenção dos resultados logísticos, como desenvolvê-la na organização? 

Na verdade, toda organização, seja ela atuante na área de logística ou não, pratica de alguma maneira a inteligência logística, mesmo sem saber que a está praticando. Normalmente, as empresas fazem inúmeras reuniões, seja para resolver algum problema ou discutir algum assunto, e essas reuniões não deixam de ser a inteligência organizacional, que, quando voltada para a área de logística, passa a ser chamada de inteligência logística. 

A questão é que o mais comum nas empresas é utilizar a inteligência logística como uma prática reativa aos problemas e não como uma ação proativa às exigências do mercado e dos clientes. Muitas vezes, acha-se que é perda de tempo reunir os profissionais numa sala para discutir sobre temas que possam trazer melhorias, porém, muito maior é o tempo perdido quando se precisa reagir às dificuldades apresentadas pelo mercado. Portanto, para desenvolver a inteligência logística a organização deve primeiramente adquirir o hábito do aprendizado organizacional, uma cultura voltada para o desenvolvimento de conhecimento, conhecimento voltado para a própria organização, para soluções específicas a ela. 

Inicialmente deve ser identificado qual o processo logístico mais crítico e de maior impacto no mercado que deve ser melhor desenvolvido e acompanhado. A partir desse processo, a inteligência logística deve expandir sua atuação para os outros que compõem o sistema logístico da empresa, até que todos eles possam ser trabalhados. É importante, entretanto, que mesmo após serem trabalhados, os processos não devem ser esquecidos, mas que sejam constantemente acompanhados e controlados para garantir melhores resultados. 

Uma vez assumindo essa postura proativa, a empresa tem a possibilidade de expandir a inteligência logística para qualquer área da empresa, ou seja, a busca pela melhoria deixa de ficar centrada nos processos logísticos e assume um papel importante para o desenvolvimento dos profissionais e dela mesma. 

Nesse sentido, muitas organizações hoje em dia preocupam-se em desenvolver esse conhecimento organizacional e passam a investir no aprendizado corporativo, chegando até a criar um anexo da empresa com este objetivo específico, o que está sendo chamado de universidade corporativa. 

 Sergio Mansilha

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O que é fundamental no treinamento

Uma das coisas que as pessoas sempre me perguntam é: como manter os treinandos interessados e participativos do início ao fim do treinamento? Sem qualquer pudor, posso confessar que não é uma tarefa fácil. 

Aliás, sejamos bem sinceros para admitir que lidar com o ser humano é algo que exige muito controle emocional e disciplina.Agora, sem economizar na modéstia, posso afirmar que é também uma questão de dom aliado a muito trabalho duro. Admita, não há nada mais satisfatório do que ver um trabalho bem feito! Quando um treinamento é cuidadosamente planejado e bem executado percebe-se isto imediatamente. É garantia de sucesso total.

Acredito que os instrutores de treinamento pode fazer muito mais do que apresentam em sala de aula. Digo isso, porque depois de muitos anos trabalhando na área e estudando o comportamento de grandes oradores percebi que as pessoas ainda têm muito medo de ousar. Ai está o X da questão: Ousadia!

Os objetivos reais de um programa de treinamento bem sucedido emergem da capacidade do instrutor em criar sinergia por meio de múltiplas iniciativas. É preciso coragem para fazer diferente.

Não há dúvidas de que os programas de treinamento são a melhor forma de orientar e reciclar o comportamento dos colaboradores; portanto, a criatividade é fator fundamental.

Você deve usar criatividade em tudo. Em sala de aula todos os detalhes contam. Afinal, quem não gosta de assistir a uma boa apresentação, obter material de qualidade, além de boa iluminação, som e ar condicionado.

Porém, a criatividade está em administrar o relacionamento com os treinandos em sala de aula. Esta é a mágica! Sim, a mágica de colocar a ousadia em prática. Você precisa ser ousado para tocar no treinando, olhar nos seus olhos e se fazer entender. 

É preciso entrar na vibração do outro, e convencê-lo de três coisas:
1º Você sabe (mesmo) do que está falando
2º Você está ali para (realmente) ajudá-lo
3º Ambos ganharão ao se respeitarem, na execução do trabalho proposto.

Portanto, para que seu próximo treinamento seja um sucesso aposte na sua capacidade de se reinventar, sendo ousado e surpreendendo seus treinandos.

Sergio Mansilha

sábado, 6 de outubro de 2012

Compliance é o que garante a conformidade de acordo com as regras

Compliance é muito presente em instituições e empresas do mercado financeiro, mas tem se estendido para as mais diversas organizações privadas e governamentais, especialmente aquelas que estão sujeitas a forte regulamentação e controle, o que significa que na prática, deveriam está em conformidade com as leis, os regulamentos internos e externos e os princípios corporativos que garantem as melhores práticas de mercado. 

Seu objetivo não é apenas evitar que as instituições financeiras sejam usadas para operações ilegais, como a de lavagem de dinheiro. 

A missão de compliance - ao lado das áreas de risco e de auditoria - é fazer a gestão controlada dos riscos e garantir a integridade do conglomerado, dos clientes, dos acionistas e dos funcionários. Impedindo: escândalos financeiros, fraudes contábeis e fiscais, corrupção, casos de assédio, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, uso indevido de informações privilegiadas, pirâmides financeiras e tantos outros crimes, e até mesmo a não observância do fortalecimento a cultura de controles internos e administrativos de uma instituição pública ou privada.

O que mais precisa acontecer para que palavras como controle, transparência, responsabilidade e ética passem a fazer parte – efetivamente – do “dicionário corporativo” das instituições ao redor do mundo.

A repercussão de uma fraude é sempre muito grande, e logo após o fato surgem novos “acts”, leis, e procedimentos com padrões internacionais. Em alguns casos, roteiristas e diretores da sétima arte lançam filmes que, mesmo baseados em fatos reais, seus ricos conteúdos não transcendem a ficção e gradativamente o tema perde o apelo e a punição, dependendo de onde tenha ocorrido o fato, nada acontece. Muitos são investigados, alguns são julgados, poucos são condenados e nem sempre cumprem efetivamente a pena.

Mas será que realmente adiantaria “apenas” investigar, demitir ou punir?

Estas medidas servem para tratar a consequência, e nunca à causa. Infelizmente, ainda é forte a cultura de alguns “chefes” – não líderes, pois não são sinônimos - em tratar qualquer problema com o famoso “vamos demitir para dar o exemplo aos demais”. 

Quanto amadorismo... Quando apenas tratamos a consequência de um crime ou desvio de conduta, estamos sempre “correndo atrás do prejuízo”. Um desvio de conduta está relacionado aos meios e não aos fins. Em outras palavras, é de suma importância que todos, na vida privada ou pública, entendam que o desvio configura-se pela intenção e não pelo resultado, independentemente de sua magnitude. 

Estar compliance é uma obrigação em situações pontuais nas quais as instituições públicas ou privadas comprovam estarem em conformidade com leis, regulamentos, normas e melhores práticas.

Ser compliance é diferente, é uma manifestação da consciência. 

Traduz o estado mental de todos os profissionais ligados por objetivos comuns e conscientes de que transparência, responsabilidade e ética são características inerentes a qualquer processo, seja ele operacional, tático ou estratégico.

Sergio Mansilha.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

kit de ferramentas transversais

Todos os anos milhares de jovens se graduam no ensino superior passando a enfrentar o desafio de se colocarem ativamente no mercado de trabalho, e infelizmente o que percebemos é que parte considerável deles, em pouco tempo, acaba se "encaixando" em alguma área diferente daquela na qual se formou ou mesmo ficando paralisada frente à multiplicidade de desafios do mundo atual. 

Na verdade grande parte deste desencontro ocorre pela falta de alinhamento entre aquilo que se aprende na universidade e aquilo que se busca na "vida real". 

O avanço da competitividade no mundo das organizações tem feito com que o profissional necessite ser competente em muito mais áreas do que aquela na qual se graduou. 

O resultado disso é que vemos por aí odontólogos que sabem muito bem obturar ou mesmo implantar um dente, químicos que entendem profundamente suas fórmulas, advogados que conhecem muito bem as leis que estudaram, psicólogos que compreendem as complexas teorias do comportamento, engenheiros que fazem seus cálculos com extrema exatidão, mas, em grande parte pessoas que não fazem a mínima ideia de como oferecer seus serviços ao mercado, nem mesmo conseguem transformar o conhecimento que possuem em algo que traga algum retorno efetivo, tanto profissional como pessoal. Isto se dá porque muitos ainda pensam que as competências específicas que aprenderam em sua disciplina são suficientes para torná-los competitivos. 

Não são! 

Qualquer profissional hoje, por melhor que seja em desempenhar seu papel técnico e executar aquilo para o que foi preparado na universidade, irá enfrentar enormes dificuldades de se inserir e se manter no mercado se não for capaz de desenvolver uma série de "competências transversais" que servirão de apoio e ponte entre o conhecimento técnico e o mercado na prática. 

Por competências transversais, neste caso, podemos entender uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes que, somadas ao conhecimento técnico essencial da área, poderão fazer com que o profissional se torne competitivo no mercado de hoje. 

Entre elas podemos colocar a habilidade de fazer marketing pessoal, a flexibilidade, a inteligência emocional, a pró-atividade, a capacidade de boa comunicação escrita e falada, a tolerância a realidades incertas e não lineares, o planejamento, a gestão, a liderança e uma série de outras competências que não são formalmente ensinadas na universidade. Tais competências adicionais não seriam tão imprescindíveis há até duas décadas atrás, em que as relações de emprego eram mais estáveis e a competitividade não havia atingido os patamares quase absurdos de hoje. 

Em um mundo mais estável, linear e menos caótico ainda havia lugar para aqueles que apenas dessem conta de apresentar um bom desempenho técnico em sua área específica.

Não há mais! 

Sendo assim, a sugestão que fica aos que em breve irão se graduar e mesmo aos profissionais que já estejam no mercado e ainda não tenham alcançado o lugar desejado, é prestar bastante atenção nestas complementaridades e, na medida do possível, buscar agregá-las a seu "kit de ferramentas". 

Felizmente, hoje o acesso à informação é muito simples e barato, e qualquer pessoa com um mínimo de disposição pode rapidamente tomar conhecimento sobre este "plus" que o mercado de trabalho exige em sua área. 

O jogo se tornou mais rápido, mais complexo e menos previsível, e os jogadores agora terão que treinar muito mais e desenvolver as mais inusitadas habilidades se quiserem permanecer em campo até o final do campeonato, que, para dizer a verdade, é um campeonato sem fim! 

Sergio Mansilha

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